segunda-feira, 12 de março de 2007

Norskkurs: arte dentro da lancheira

Em meados de Janeiro iniciei finalmente as minhas aulas de norueguês. Em boa verdade, deveria tê-las iniciado após a minha chegada, mas como só se iniciaram novos cursos em Janeiro e os que já decorriam em vários locais, encontravam-se numa fase bastante avançada para ainda ir a tempo de fazer parte de um deles, esta foi a solução possível.
O curso que frequento é oferecido pela NTNU, a universidade local, e pelo que me dizem, é bastante bom. Pela módica quantia de 440NKr (que correspondem a cerca de 55€) tenho direito a cerca de 16 semanas de aulas, duas vezes por semana ao fim da tarde. No total, são cerca de seis horas semanais e já noto bastantes melhorias aos níveis da compreensão oral e escrita. No entanto, às 440 NKr iniciais, acrescem 715 NKr adicionais, que tive de desembolsar em livros de apoio, bastante bons, por sinal.
A minha Agência Nacional só comparticipa, no entanto, o curso de norueguês (e com um plafond máximo de 150€), pelo que as despesas em material de apoio são inteiramente suportadas por mim. Como tantas vezes acontece em Portugal, os custos em educação são suportados a expensas próprias. Como exemplo, posso referir vários assistentes Comenius de outras nacionalidades que têm as despesas relacionadas com os cursos de língua materna dos países de acolhimento totalmente suportadas pelas respectivas Agências Nacionais.
Relativamente à minha adaptação linguística, posso dizer que já começo a entender os títulos dos jornais, o que, não sei bem porquê, mas deixa-me algo apreensivo. Contudo, devo referir que praticamente desde que cheguei a estas paragens, que iniciei em simultâneo um intercâmbio linguístico com algumas amigas que entretanto fiz por cá. Em troca de lições de português (e às vezes, também de espanhol) recebo lições de norueguês, o que se tem revelado bastante útil. Aliás, por esse motivo, mesmo estando no nível 1 no Norskkurs, desde o início tenho sido dos melhores alunos e dos que mais têm evoluído na aprendizagem do norueguês. E dos mais esforçados, também. O que não é fácil, atendendo a tratar-se de uma língua germânica (e com a qual apresenta bastantes semelhanças), com origens bastante diferentes das raízes latinas da língua portuguesa, a minha língua materna. Enfim, para resumir, como aprender novas línguas é para mim um prazer, creio que mais uns meses e vai-se tornar em mais uma das minhas "invulgares habilidades". (o:




Legenda: Dragvoll, em fundo. Faz parte do campus universitário da NTNU. Fica num dos extremos da cidade e foi onde vi o meu primeiro alce por estas paragens. Ao princípio pareceu-me um cavalo, mas depois vi tratar-se de um alce. Um juvenil, creio. Mas era enorme e não possuia hastes. Devia ter fome, pois nesses dias os termómetros marcavam 20 graus abaixo de zero e durante a noite baixavam ainda mais, e andava a rondar um dos parques de estacionamento de Dragvoll. Infelizmente, assustou-se com o autocarro e não fui a tempo de tirar uma foto. Mas foi por pouco. A paragem de autocarros que se vê na imagem é onde apanho o autocarro número cinco para Studenter Samfunnet, onde vivo. Em português, significa qualquer coisa como Associação de Estudantes, pelo que, como podem ver, estou muito bem localizado. Moro por detrás do edifício principal da NTNU, a 5 minutos a pé do centro da cidade. E mesmo em cima do acontecimento, no que se refere à vida universitária. Mas devo dizer que não tiro lá muito partido da localização priviligiada. Há sempre tanto que fazer e tão pouco tempo livre.

Legenda: Moi même, à porta do edifício onde tenho as aulas de norueguês. Com muita neve à mistura. Um manto branco que mascara as ruas e lhes confere uma aura muito própria. Os mesmos locais sem neve parecem vir de mundos diferentes. Creio que quem tirou as fotos, foi um dos meus colegas de curso, um do Bangladesh.

Legenda: Um lanche patrocinado pela nossa professora de norueguês, Birte Hillestad. É um grupo bastante heterogéneo. Da esquerda para a direita, as nacionalidades são as seguintes: Uganda, Portugal (o de verde, que sou eu!!), Irlanda, Japão, França e Japão novamente.

Legenda: Mais alguns dos meus colegas de curso. Novamente, da esquerda para a direita, as nacionalidades são as seguintes: Brasil (com quem às vezes troco algumas impressões em português), China, Indonésia, Alemanha e Irão.

Legenda: E esta foi a razão do lanche. A par com o convívio, o objectivo era aprender a fazer os nossos próprios matpakke, que traduzido é qualquer coisa como almoços embalados, desses que se transportam em lancheiras. Se bem me recordo, esta foto é de uma das sandes de um dos meus colegas japoneses chamado Seiki, e que faz parte da orquestra sinfónica de Trondheim.

Para concluir, devo dizer que este lanche convívio foi bastante agradável. A par do Seiki, fui eleito como um dos "criativos" na arte de fazer sandes. Não me recordo bem em que consistiam, mas sei que fiz umas combinações um pouco invulgares. Mas sabiam bem, tanto assim foi que depois houve mais quem as fizesse. Para além dos que surgem nas imagens, no total somos perto de 20. Na sua maioria encontram-se a fazer pós-graduações e doutoramentos, mas há alguns professores, como eu, e os restantes trabalham em diversos sectores e mudaram-se recentemente para a Noruega. Para além das nacionalidades já mencionadas, há ainda mais algumas presentes, a saber: Finlândia, Canadá, Bangladesh, Paquistão, Itália e Argentina. É muito interessante interagir com pessoas de nacionalidades tão diversas e alguns costumes próprios das suas terras-mãe.

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