segunda-feira, 12 de março de 2007

Bergen: terceira visita repleta de novas descobertas

Não quis ficar parado durante a pausa escolar de uma semana das férias de Inverno. Aproveitei assim esse interregno para fazer mais uma das minhas viagens de exploração. Primeiro passo, o vôo até Bergen dia 23 de Fevereiro à noite. Dia 25, a partida num ferry das Smyril lines, junto com mais 5 assistentes Comenius: dois de nacionalidade espanhola e três de nacionalidade alemã. Rumo às ilhas Faroés (que em norueguês arcaico significam literalmente as ilhas das ovelhas) e posteriormente até à Islândia. No regresso, nova paragem em Tórshavn, a sua capital. Uma pequena, mas pitoresca cidade perdida nos confins do Atlântico de que falarei posteriormente.

Legenda: Mapa da Noruega. O vôo de Trondheim até Bergen através da Norwegian Airlines é bastante rápido: menos de uma hora. Na realidade, os transferes de autocarro até aos respectivos centros citadinos são a parte mais demorada da viagem. O preço também é convidativo e a meu ver, uma das razões porque encontro sempre os aeroportos noruegueses repletos de passageiros, e os aviões quase sempre transportando o número máximo de passageiros. Por uma viagem de ida e volta paguei cerca de 70€, mas claro que este preço sobe exponencialmente se não for feita a reserva com bastante antecedência. Os vôos são muita vez a solução mais cómoda, rápida e barata, pois a Noruega é um país muito montanhoso e com muitos fiordes que impossibilitam passagem directa em linha recta durante grandes partes dos trajectos. Várias cidades no norte não têm inclusive ligação ferroviária por esse motivo, tal como Narvik (que tive a oportunidade de visitar no Verão de 2005, aquando do meu último InterRail), tendo esta de ser feita pelo norte da Suécia.


Legenda: A casa dos Assistentes Comenius em Bergen. O número 10.


Legenda: Um dos ícones de Bergen: a velha igreja de madeira. Foi originalmente construída em Fortun in Sogn no ano de 1150, mas foi posteriormente deslocada para a sua localização actual, em Fantoft, em 1883
. Em Junho de 1992 foi vandalizada e ardeu completamente, tendo sido reconstruída uma réplica em tudo semelhante à original. Situa-se a alguns quilómetros do centro de Bergen, sendo a sua visita possível através de autocarros. O bilhete custa cerca de 3€, sendo necessário comprar outro no regresso. Uma ressalva, no entanto. Como tantos outras atracções turísticas, encontra-se encerrada durante o Inverno. Pode ser visitada de 15 de Maio a 15 de Setembro, das 10h30 às 14h e das 14h30m às 18h. Preços: adultos- 30NKr, crianças- 5NKr, estudantes- 20NKr. É uma igreja que impressiona, não pelo seu esplendor, mas sim pela sua invulgar beleza, com as suas cabeças de dragão cuspindo fogo, representando a parte pagã associada ao recém-descoberto fervor cristão.




Legenda: Os dois assistentes espanhóis com quem fiz a visita à igreja: Rocio, que vive em Bergen e Peña, em Sandnessjoen, ao norte de Trondheim.



Legenda: Eu do lado de dentro da vedação. Neste momento, o alarme já soava, mas eu juro que a única coisa que fiz foi passar em frente à porta de entrada. Não toquei em nada. Creio que o mui estridente alarme faz parte das novas medidas de segurança, após os actos de vandalismo de que a igreja foi alvo em 1992, como já referi atrás. E funciona muito bem, como pude comprovar.

Legenda: "Jumping over the fence", como diriam os ingleses. E foi assim que rasguei o meu terceiro par de calças de ganga por cá. As anteriores tinham sido a jogar basquetebol e a andar de bicicleta. De modo que, quando regressei ao centro de Bergen, tive que ir comprar umas calças novas. Custaram 500NKr, um balúrdio!! Mas como não tinha muito tempo nem vontade de procurar umas mais baratas, assim que encontrei umas que me agradaram, comprei-as e pronto.



Legenda: O Bergen Kunstmuseum. Kunst significa arte em português, pelo que se trata do Museu de Arte da cidade de Bergen. Um dos mais importantes do país. Bergen é a segunda cidade da Noruega com mais habitantes a seguir a Oslo, sendo que Trondheim, onde resido, é a terceira. Para além do edifício visível na foto, possui outras duas instalações onde se encontram diversas obras, das quais a mais importante é a colecção Rasmus Meyer, que se encontra num palacete do outro lado da rua, a cerca de 100 m de distância. Possui importantes colecções de vários pintores, noruegueses e não só: Pablo Picasso, Christian Krohg, Gerhard Munthe, Harriet Backer,Oluf Wold-Torne, Thorval Erichsen, Nikolai Astrup (considerado como um dos últimos grandes Neo-Românticos noruegueses e com uma ala dedicada exclusivamente às suas criações artísticas), Anders Svarstad, o pintor romântico J.C. Dahl, que para muitos é considerado como o pai da pintura norueguesa e ainda uma importante colecção de Edvard Munch (a sua mais notória obra, O Grito, pode ser encontrada em Oslo).


Legenda: Acho muita piada a estes moldes em que incidem projecções de animações, dando-lhe um aspecto muito real. Recordo-me dum outro bem maior que vi dois anos atrás em Armagh, na Irlanda do Norte, quando residia em Belfast por intermédio do Programa Erasmus. Um Gulliver enorme, mas que ainda assim, não parecia tão real como este simpático sapinho.


Legenda: "Clearing snow over the Seine", de Christian Skredsvig. Um quadro de grandes dimensões, característico do Realismo, alinhado com a corrente francesa de arte europeia contemporânea. Data da segunda metade do século XIX. Para quem conhece bem Paris, é possível descortinar a Ile de la Cité ao fundo, e o Instituto de França e o Quai Malaquais. Possívelmente, o ponto de observação para quem vê, será sob a Pont du Carrousel.

Legenda: Vista parcial do centro de Bergen. A foto é tirada junto ao local onde os ferries atracam, num dos extremos da cidade.

Legenda: Junto ao mesmo local, uma outra perspectiva da cidade. Ao fundo e do outro lado do rio, é possível avistar um pequeno parque onde se encontra um curioso totem de madeira. Nas imediações, encontra-se também o Bergen Aqvariet, que tive oportunidade de visitar numa outra visita a Bergen e que recomendo.

Legenda: Nem queiram saber o que diz este papel. O barco vinha com 16 horas de atraso devido ao mau tempo registado no Atlântico Norte e, aparentemente, nós fomos os únicos que não tínhamos sido informados. Escusado será dizer que ficámos pior que estragados...

Legenda: Nesta altura ainda não sabíamos bem o que fazer à vida, pelo que fizemos umas merendas e tomámos o pequeno-almoço ali mesmo. O portátil a apanhar ar foi uma vã tentativa minha de encontrar uma rede wireless nas imediações.


Legenda: E pronto. Aqui já sabiamos o que nos esperava. Deixámos uma nota (escrita em norueguês) de protesto e fizemo-nos de novo à estrada, de volta ao apartamento. E levantei-me eu às seis da manhã para isto!!! Novo horário de partida: 23 horas.


Legenda: Bergen Hanseatisk Museum. Chegado a este ponto, as opções que tinha eram duas: descansar ou aproveitar as horas extra e conhecer um pouco mais a cidade. Resisti à tentação de ver a final da taça inglesa Chelsea-Arsenal, que se encontrava a dar em vários pubs e optei pela segunda, sendo que as fotos que se seguem são do referido museu. Esta foto mostra a esfera de influência da Liga Hanseática, nos seus tempos aúreos. Uma das cinco cidades onde tinham escritórios era precisamente Bergen, e foi precisamente aqui que o museu assentou arraiais. É um museu a visitar. E o preço é simbólico.

Legenda: Aspecto faustoso de como era o mobiliário da época. Muito colorido (muitos vermelhos e verdes, fazendo lembrar terras de Portugal) e muito ornamentado.


Legenda: Este era o reverso da medalha. Os dormitórios eram de uma pobreza Franciscana. O edifício era completamente em madeira e a iluminação, bem como o aquecimento, estritamente proibidos. A causa: desde sempre, as cidades norueguesas foram alvo de fogos devastadores, devido à natureza e precaridade das suas construções. Bryggen, onde os escritórios se situavam, foi completamente destruída num desses incêndios e após a sua reconstrução, essas medidas cautelares entraram em vigor. O que deveria tornar a vida dos seus habitantes num verdadeiro inferno (mas ao contrário, totalmente gelado!). A juntar a isto, a Liga exigia aos seus funcionários estritas regras de celibato, pelo que a hipótese de se aquecerem por essa via, também estava descartada. Achei também curioso o facto dos baús e cofres que encontrei, tal como o que aparece na foto, terem todos três fechaduras. Já nessa altura como agora, a oportunidade faz o ladrão...



Legenda: O intrépido grupo de Assistentes Comenius, prestes a embarcar rumo à Islândia e às Faróes. Da esquerda para a direita: eu (português dos sete costados!), Peña e Rocio (espanhóis), Arne, Anja e Juliana (alemães). Hora local: 23 horas. Horas de atraso do ferry da Smyril Line: 16 horas.

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